segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Um copo de desejo, por favor.

E observando as coisas, ela vê o mundo como um copo. 
Hoje cheio, outrora vazio. Matando a sua sede ou deixando a marca de batom. De todas as coisas do mundo, sede é o que ela mais tem. Sede do que não é seu (ainda), sede do que não viu. Escutando bossa nova, letra de Jobim e voz da "Da Mata", estes versos soaram como luvas: "aquela velha história de um desejo". Desejo de pele, de alma, de corpos pulsantes. Desejo pra ela é tão importante, que não aceita os que acabam sucumbindo-os. 

Chegando essa época do ano, tão cheia de apelos e modismos, os desejos afloram. Tudo em dobro. Salário, contas, compras pra fazer. Queria muitos dezembros no decorrer do ano. Pessoas fazendo pedidos, ajudando pessoas, organizando confraternizações. Abraços mais apertados, reconciliações (...) Meus desejos só aumentam, posso dividi-los em vários copos. Qual a medida do sonho que te embriaga? Uma dose, uma garrafa, um gole? Isso é por sua conta.

Não impeça quem se entrega de entregar-se. Não proíba copos virados. O fluido tem valor sentimental. A cada desejo uma delícia, um frio na barriga, uma noite às claras. Que o desejo encontre um copo, um vira-vira, VIROU!

Trilha sonora: "Aquela velha história de um desejo
que todas canções têm pra contar
e veio aquele beijo". (Fotografia - Tom Jobim)


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quase coito, sem sex appeal

O coito virou sujo
Não parece amor
Em cima de orgulhos
E não um do outro

O coito se envergonhou
Depois de conhecer a bagunça
O quarto desejado
Virou lugar para conversar

O coito se vestiu
Hoje parece incesto
Coisa de irmão
De médico virou casinha

O coito virou sonho
Daqueles de se olhar longe
Realiza-se na cama
Depois que fecho os olhos


Trilha sonora: "de te arrancar suspiros" (...)
Palpite - Calcanhotto

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

De 92 para 2009 (Parabéns, amico)

Odeio o modo como fala de gays
Quando fala de ética e desvio de conduta
Odeio suas perguntas incisivas
Cheias de auto verdades e certezas
Odeio quando fala dos meus amigos
E os compara com os seus
Odeio quando me deixa sem graça
Me xinga e ainda me explica metáfora
Odeio seus trejeitos “Félix”
Que ainda que negados estão implícitos em suas frescuras [bicha má]
Odeio quando faço a coisa certa e tu colocas um defeito
Odeio quando bebe do meu suco e monopoliza a conta
E odeio ter que copiar um texto de um filme pra terminar o meu:
“Mas odeio principalmente não conseguir te odiar”.


Trilha sonora: Dar-te-ei - Marcelo Jeneci
(a única mentira é que não te darei disco)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Um mundo depois da ponte

Essa história de viver em mundos diferentes sempre rende uma coisinha. As produções cinematográficas adoram esse tipo de pauta. "Ela fazia medicina e eu ainda nas aulinhas de inglês". É, parece que não é só no cinema. Que tal passear em outro mundo? Seria uma aventura andar por aí com alguém que gosta de química, não gosta de futebol e odeia acordar tarde. Que mundo estranho! Mas ele existe.  

Ou então alguém muito exotérico, que faz das fases da lua um norte a ser seguido e pauta suas ações pela posição dos astros?! Mundo cômico e cósmico, mas ele existe! Uma cabecinha sedenta por séries, quadrinhos e games?! Confesso que acho esse povo chato, mas admiro quem em um mundo tão complicado ainda mergulha em outros na busca de entretenimento.

Essa história de mundos é um pouco psicodélica. Porque até onde estudamos, habitamos o mesmo planeta: a Terra. A verdade é que só um limite de espaço não define um mundo. Posso ser mais japonesa em Chicago ou americana em São Luís. Roqueira no cacuriá ou caxeira na orquestra. Tudo é uma questão de ser. Ser triste, fechado. Ser feliz, aberto - ou menos fechado. A balança é por sua conta. 

Pense em passar por uma ponte. Antes dela, o outro lado parecia impossível. Um homem sem medo do lado de lá, arriscou. Hoje milhares de pessoas passam pela ponte. Por rotina, vontade ou pela necessidade do outro lado. Dois mundos, por vezes assustadores. Esquisitos, deselegantes e de todo modo felizes. Procure o amor antes de qualquer linguagem, longe de "eu te amos". Que tal: essa é minha música favorita, vamos para o outro lado? Bem-vindo ao meu mundo. 

Trilha sonora: "Pra te espiar, eu dou a volta no seu mundo" 
(Selva Branca - Carlinhos Brown)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Entre no banheiro



Adoro suítes. Quanto mais perto dele estiver, melhor pra mim. Tenho a necessidade de ficar desarmada ao menos uma vez. Ter meu reflexo refletido, deixar a lágrima rolar...Teu branco é mais paz do que uma pomba. Para minha solidão, o quarto já não basta. Tantas roupas me vestem, mas não vejo a hora de despi-las. Quando abro a tua porta sinto que o carnaval passou. Adeus fantasia, música e vendaval de paixões. Obrigada, banheiro! Por ser minha eterna quarta-feira de cinzas. 

Trilha sonora: "E lembrar sorrindo que o banheiro é a igreja de todos os bêbados" (Eu ando tão down - Cazuza)

domingo, 22 de setembro de 2013

Embebida em comédias nada românticas

Definitivamente os finais de semana não foram feitos para você ficar em casa. Basta olhar essa programação "mela cueca" que você é obrigado a assistir pela simples punição de não ter o que fazer fora de casa. Falei para um amigo que ia curtir esse limo com qualidade, e depois de algumas comédias sem sal (ou românticas) me afundei em algumas maravilhas de Woody. Afinal, ninguém é obrigado a se torturar por dois dias só com comédias românticas (ou sem sal). 

Primeiro me deparei com Vicky, cheia de planos e querendo sempre aquilo que não tem. Em um jogo de amor e liberdade, essas variáveis parecem não dar certo juntas. Entre amar o oposto e o espelho, escolhemos o oposto pela excitação de algo novo a cada dia, mas o espelho fica a nos perseguir, afinal é quase impossível abandonar o reflexo. Sempre esse desejo de ser professor, esse fetiche de achar uma aluna apaixonada e capacha. Bela forma de educar. Nessa hierarquia da conquista, ninguém quer ficar por baixo. Basta ver como nosso fundo arcaico se agita para engabelar alguém, no clichê do Fábio Jr - caça e caçador (somos patéticos). 

Depois me deparei com Amanda, uma dessas garotas problemáticas que pode ser você. Aí tem o Falk também, um desses garotos certinhos e comprometidos com o futuro que também, pasme, pode ser você! Imagina que merda não seria esses dois juntos? Foi eterno! Um eterno de alguns meses, mas quem se importa? Eles ao menos foram "um" por alguns dias. O certo é que a cada dia tentamos sucumbir nossa própria natureza, inventando necessidades e fingindo fraquezas. "Daqui pra frente, tudo vai ser diferente", viva o rei!  A gente vive dizendo isso a cada novo ciclo.

Amanda e Falk mexem com nosso psicológico, que já não é lá essas coisas. E até agora estou pensando com quem eu me pareço mais. Serei eu uma escrota em pele de cordeiro? Ou um pseudo moralista que se acha melhor que o mundo por conseguir controlar suas vontades escrotas? Não respondam! Eu não quero saber. O que eu mais odeio nessas comédias sem sal é essa aura "pode ser você". Como eles fazem isso bem. Ou será que nós estamos tão vulneráveis assim?

Como um autêntico representante da espécie humana não desejo que esses filmes parem de ser produzidos ou que sejam extintos da Terra. São as terapias mais baratas que eu conheço e estão à um "click" de distância. Pra ser sincero, eu não quero mais passar os finais de semana em casa, pelo menos não na condição onde essas pérolas da sétima arte fazem sentido. Sim, meu fds foi patético, mas necessário.  

Trilha Sonora: 

Diana Krall - It coul happen to you (Não conte estrelas, ou você pode tropeçar)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Lira da quase egressa

Agora um novo ciclo se inicia. Últimas cadeiras, artigos, seminários e preocupações. Parece que foi ontem que eu era uma caloura perdida que passeava por vários cursos com o desejo de me descobrir. Sempre fui ansiosa e apaixonada por discussões. Orgulha-me ser do contra e pentelhar os cheios de confiança.

Hoje sinto que alguns passos me separam do tão sonhado "canudo". É como nadar e sentir-se cada vez mais perto do pódio. Sem dúvida, estou no meu melhor ano. Desempenho trabalhos que me dão tesão, tenho pessoas fodas ao meu lado e descobri que tudo é possível quando a gente tem paixão.

São caminhos e pessoas, que nesses três anos, estão me moldando para ser melhor, e eu, modestamente, acho que estou conseguindo. Descobri que certos momentos só valem a pena com intensidade, e a graduação é um desses momentos. Chegar esgotado, viajar com os amigos, fazer trabalho na véspera. Essa é a pitada excitante disso tudo.


Quero tudo isso pra sempre e sou uma dessas crentes e apaixonadas pela academia. Posso até ganhar pouco, mas terei o prazer de pensar e descobrir constantemente. Cada um que está comigo e compartilhou um dedo de prosa, um ponche, uma tarde na ágora, tem um lugar nessa minha mochila de lembranças. Prometo pagar com amor, em suaves prestações.


Trilha sonora: "Por isso eu quero maaaaaais, não dá pra ser depois" [...]
Já é - Lulu Santos

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Janela eu

Acordei janela
Permitindo que me olhem
Me permitindo olhar
Debrucei-me no horizonte

Quero uma janela real
Cansei de "windows"
E se a máquina desligar?
A janela se fechou?

Acordei janela
Sorrindo pro sol
Contemplando a lua
Acordei janela, sem grades

Na saga de abrir e fechar
Às vezes me canso
Por que nunca aberta?
Por que sempre fechada?

Acordei janela
Daquelas de casa arejada
Fintada pelo vento
Dançando a mesma música

Trilha sonora: [...] Abre teus armários, eu estou a te esperar
"Casa pré-fabricada - Los Hermanos"

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sonho em curta

Me perguntaram o que era sonho. Sonhei para responder. Diante de tudo que venho vivendo, meu sonho é só viver cada dia. Sonho é realidade? Quem se arrisca? Realidade é achismo, se "me acho no mundo", ele é meu sonho. 

Vou proibir baldes de água fria. Vocês não têm esse direito! Já imaginaram o mundo sem entusiastas e sonhadores? Não sairia mais de casa. Tenho sonhado pouco (triste), isso é biológico! Só me resta por esses tempos sonhar com a hora de dormir. 

Nossos sonhos de liberdade são diretamente proporcionais às amarras que procuramos. Um diploma, uma casa, um carro, um amor. Quero ser solto em uma gaiola! Esse texto me afligiu bastante, meu sonho era terminá-lo para não pensar mais nisso. Terminei, mas decidi ficar sonhando.  


Trilha sonora: "É minha liberdade, não podem tirar de mim"
"Open my eyes" - SOJA

terça-feira, 23 de julho de 2013

Não sou daqui

O espanto é tua cara limpa, teu pouco trato com o cabelo, o tom de voz alto, o pouco caso para contar piadas picantes. A verdade choca. Não é a toa que o mundo está cheio de mentirosos e boquiabertos. Velam uma realidade que não existe e brincam de pose chorando por depressão.

O mundo não está preparado, mulher! Para aguentar teus devaneios em uma noite de lua, tuas vontades pouco sóbrias e cheias de pequenas doses lúcidas. Até os loucos admiram o comum, talvez pela vontade de serem um pouco mais normais.

Teatro dos vampiros! Eu não sou daqui. Se causas espanto, não achas que algo está errado? Quis me mudar. Nada mudou. Pensei que o erro estava na rua ou na pracinha do bairro. Passei por muitos becos, fui igual.

A calça 38 fica apertada, a 40 fica folgada. Nem mesmo um tamanho de calças tu tens pra ti. Já disse que good luck não se aplica a você? Tadinha. Planetas com características da Terra me animam, vai que cola, né?! Enquanto a condução não vem, chego a conclusão que mais me dói: vou me adaptar. 


Trilha sonora: "Muito estranho" no Bailão do Ruivão!

domingo, 14 de julho de 2013

Berlinda de poeta

Quero fazer uma lira
Mas já nem sei como fazer
Quero listar umas coisas
Falar do que já falei

Já não entendem o poeta
Acusam-o de amor infeliz
Falo de mim muito pouco
Não pense que eu sou o que diz

Se não falo alegria
Me acusam de infelicidade
Se falo de amor
Me acusam de tanta bobagem

Quantos insatisfeitos
Demonstram insatisfação
Nem poesia cristã
Agrada esse mundo de cão

Escolhi falar o que eu quero
Sem medo de repreensão
Meu caro, leia ou deixa
Procura outro chato "pidão"

Achando que não sou daqui
Escrevo para terráqueos
Maldito é o aquário
Signo ou prisão

Poeta sofre de amor
Hoje é domingo
Amanhã vai passar
Nem amor suporta uma segunda-feira (...)


Trillha sonora: "Outra vida" - Armandinho

sábado, 6 de julho de 2013

Poeminha de alcoólatra apaixonado

Um gole pra passar
Um porre pra esquecer
Uma noite pra dançar
Uns amigos pra rever

Um batom pra enfeitar
Um cabelo bem clichê
Um perfume pra cheirar
Uma saia pra rodar

Um trago pra se mostrar
Uma seda sem querer
Uns punks pra andar
Cadê você pra ligar?

A festa terminou
Voltei pra casa costurando
Uma mensagem de amor
E você nem me notou

Até agora não somos nada
Só você, inspiração
Te vejo no fim de cada taça
Vai ver que é por isso que bebo essa desgraça (...)

Trilha sonora: "O que eu bebi" - Clarice Falcão 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Fuck Cupido

Como sempre sistematizando tudo, já estou pensando no próximo passo. Em uma dessas conversas na madrugada, um amigo me perguntou:
- Você gosta dele?
Confesso que pensei por 5 segundos e respondi:
- Gosto!
Para qualquer tréplica nunca esperaria que meu amigo retrucasse:
- Amiga, gostar é muito sério!

Confesso que fiquei perdida, afinal sempre achei que o grande pânico fosse amar. Nesse momento, várias formigas me incomodam, me fazem sair do lugar, me coçar e de certa forma me irritam. Acho que elas possuem uma semelhança com o amor, que também nos deixa inquieto e cheio de agonias. Você pode conhecer o amor no pior momento, sabia?! Ele não costuma aparecer quando estamos arrumados e com hálito fresco. Ele gosta de te encontrar na vala, com cara de sono e provavelmente puto com alguma coisa. Incrível também é a capacidade de fazer "merda" diante dele, de fazer questão de quebrar a flecha (foda-se cupido) e tornar esse grande evento um fracasso. Ah, o amor, realmente tu és paciente.

Acredito de verdade que o amor seja pleno, mas quando os humanos colocam as mãos nessa cumbuca, a porra começa a ficar séria. Talvez o amor exija ausência de consciência, seja uma coisa instintiva, sem teorias. Por isso os animais são tão completos quando o assunto é o amor. Bino, é uma cilada! Mas hoje eu escolho cair. Há tempos estou fugindo dessa emboscada, desviando desse buraco, passando na outra rua para poder evitar. Oi amor, estou aqui. Com essa cara lavada e cínica. Hoje separados pelo que nos uniu, cheios de dramas, desculpas e raivas, ainda assim, eu quero apostar.

Pode ser que não aconteça nada, mas ao menos me rendeu bons pensamentos. A gente nunca sabe quando ou o porquê. Talvez essa seja toda graça. Acho que Camelo me entende. Entende os meus desvios, meu pouco caso, minha porra louquice. Com mania de atraso, errando o endereço..."eu que já perdi a hora e o lugar, aceito". 

Trilha sonora: "Vermelho"- Marcelo Camelo

domingo, 21 de abril de 2013

Não tô pra espelho

Para qualquer afastamento, dai graças! Não só os cristãos querem ser livres do mal. Seja sincero consigo mesmo, saiba que o que é seu de verdade está ao seu redor. Seu celular, seu travesseiro, sua família, sua bolsa. Não chore migalhas. Não desperdice palavras doces com quem só tem sal para lhe oferecer. Saiba aceitar a distância. Não tente encurtar o que já está mais que esticado. Mola desfeita não vira mola de novo, nem a pau. 

Aceite fechar a porta, esperar menos e seguir a vida. Observe que enquanto você fica remoendo, o mundo já tem uma nova rotina. Aprenda a desbravar novas conversas, sorrisos e segredos. "Você faz falta" está longe de ser uma sms embriagada ou uma sexta solitária. Não convenha para quem não convém, a vida ensina. Deixe que o tempo faça sua  parte.

Ex amor, ex amigo, ex sorriso, ex afeição. Nunca gostei de pouco, esmola de bombom ou 5 centavos. Olhando pro seu novo horizonte, me deu vontade de refazer o meu. Tem gente que só gosta de quem olha na mesma direção, por isso é tão difícil pra mim, que nunca gostei de mesmice. Os olhares precisam de intersecção, mas se enxergam as mesmas coisas, perdem toda a magia da pluralidade. Eu, pelo menos, nunca me peguei apaixonada pelo espelho.


Trilha Sonora: "Teatro dos Vampiros" - Legião Urbana
"Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto"

sexta-feira, 29 de março de 2013

Cazuza, me dê motivos

Um dia você para e pensa o porquê de ser fã de alguém. Alguém que não conheceu e que nem tão pouco estava viva quando sua obra estava a todo vapor. Hoje existe uma crise de ídolos, pessoas que você admira ou como queiram classificar. Existe uma legião chata que inventa histórias, põe defeitos e quer de toda forma dizer que é errado ser fã. Sou fã de Cazuza, porque apesar de tudo, ele me deu motivos (...) 

Contar casos e besteiras sempre foi o meu forte, acho um porri os fãs de conversa engajada toda hora. Parece que todo dia querem escrever um artigo para publicar. Com certeza você já inventou um codinome para falar de alguém, um nomezinho fofo, um enigma para não declarar sua paixão pra todo mundo. Quem nunca fez um show na pia do banheiro, com promessas malucas depois de uma bebedeira? Declarou guerra aos sacanas e prometeu nunca mais sofrer por eles? Quem nunca culpou a burguesia pela falta de poesia nessa vida louca?

Um dia a ficha caiu e vi que o trem pras estrelas só vai partir se for a dois. É difícil entender que a boa vida não é a boemia que você imaginava. Andar por aí fazendo check-out e já pensando nos próximos hotéis, em qual dia terei a mesma liberdade sem ninguém em casa me esperando. E o mais incrível é que diante de tudo isso: solidão, que nada. Eu desisti de procurar coisas e cores pra te prender, hoje prefiro o sonho bom. Depois daquele poema, amor da minha vida, vi que tudo é questão de obedecer. E agora? Eu não sou obediente!

Não desejo mal nenhum à você e aos brotinhos que fazem você andar por aí muito bem acompanhado. E sabe, aquela versão de as rosas não falam um dia vai falar por mim. Me leve, na sua orelha fria perturbando teus pensamentos com segredos só nossos. Agora acabou, motivos temos de sobra. Silêncio no estúdio!

Trilha sonora: baixa a discografia completa!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Pê de poesia

Teu dia, poesia
O que comemorar?
Te guardo na gaveta
Já não te levo pra passear

Quantos embalos, consolos
Abraços e explicações
Grande amiga, poesia
Consegue me tirar do chão

Feliz quem é poeta
Hoje já nem sei
Quem brinca com a palavra
Quem dela é freguês

Quem dera a vida ser como tu
Cheia de beleza, longe de tormentos
Parabéns, "puta velha"
Que tu sejas pra sempre deleite

Trilha sonora: "Poema Quebrado"- Oswaldo Montenegro

domingo, 3 de março de 2013

A vida e os gabaritos

Do fundo do meu coração desejo que ao menos uma vez na vida sejam felizes com suas escolhas. Que não se arrependam de escolher sorvete de chocolate, mesmo que o morango do amigo esteja gostoso. Que não se arrependam de escolher carne, mesmo olhando o frango ali do lado. Que não se arrependam de comer salada só para entrar na calça 38. O arrependimento sempre quer nos abater, ofuscar nosso brilho. Escolhas exigem coragem, renúncias, mas são elas que nos fazem humanos. Desejo então que sejam humanos, escolham. 

Escolha ser feliz, por mais "Augusto Cury" que isso possa parecer. Escolha ser protagonista dessa tal felicidade, fazer feliz é bom, mas imagina quão bom ser também é. Quase um paradoxo. Mentiras são infelizes por natureza, mentir para os outros, mentir para si. Certamente nos renderá arrependimentos, logo, tristeza. Silogismo básico. Seja feliz com o que tem, com o que é seu, com o que quer ser seu. Escolha dentro das opções e por mais difícil que seja, "N.D.A" (nenhuma das alternativas) pode ser a resposta. Se for assim, busque, no mundo ainda existem "A's e B's" por aí esperando para serem marcados.

Trilha sonora: "Outro sim, outra trip, outro tchau"
Às vezes - Tulipa Ruiz

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Minha nada mole bolha

Quem olha uma situação de fora entende melhor? Não sei, mas talvez enxergue o que o (s) envolvido (s) não queiram. É aquela coisa da invasão da minha bolha, pra quem fica dentro da mesma o local parece confortável e seguro, mas quem observa de fora olha toda a fragilidade e bagunça que existe ali dentro.

Não serei a primeira a falar o quanto opiniões são difíceis de serem aceitas, algumas queremos anular, outras sequer consideramos, outras são gostosas de ouvir, mas nada que possa comprometer nosso castelo na bolha é aceito com louvor.

Do nada me veio à mente uma música bem "mimimi", ela nem estava nos meus planos, mas, "sensível demais, eu sou um alguém que chora" (...) Acho que até entendo o porquê dela, foi em uma conversa com um sensível masoquista que me veio a temática desse post.

Será que minha bolha é melhor entendida pelos olhares curiosos dos meus vizinhos? Nem sei, mas se fosse descrever minha bolha diria que ela é turva, um tanto misteriosa, pra dá mais emoção e afastar essas opiniões que tanto assustam.

Acho que a frase mais engraçada que existe é: "Eu não me importo com a opinião dos outros". Umas três perguntas derrubam essa afirmação, e olha que eu era uma seguidora fiel dessa filosofia. Hoje, um pouco menos radical, prefiro: "Eu não me importo com a opinião de certos outros". Pouca coisa mudou, no mais espero que entendam o "de certos".

Mesmo com toda a tecnologia, um binóculo não é o mesmo que olhar de perto. O zoom sempre diminui a qualidade da imagem. E a própria fotografia nunca vai demonstrar por completo a sensibilidade do autor. Olhar de longe sempre é cômodo, é aquela coisa "easy" de camarote. Narrar o jogo, fazer o gol, sempre é mais fácil quando não se está em campo.

Sempre teremos opinião sobre a bolha alheia, como melhorá-la, torná-la mais dinâmica e até mesmo feliz. O morador da bolha, de principal passa a coadjuvante, pela lei deve ficar refém das opiniões sobre a sua bolha e ainda por cima mudá-la a qualquer momento que for requisitado.

Cruel, eu acho. A natureza de uma bolha é tão livre para ser controlada. Deixemos as bolhas bailarem, se encontrarem, colorirem essa imensidão que é tão cinza. Cada bolha carrega tantas expectativas e uma beleza sem igual. Pequenas, grandes, efêmeras ou duradouras, mas sempre bolhas.

Lembra de quando você soltava bolhas? Pois é, considere que o seu sopro agora são opiniões, sopre-as com jeitinho, mas intensamente, para que elas cresçam e voem por aí. Sem opiniões as bolhas não existem, mas quando sopradas sem freio acabamos por ficar apenas com um gosto de sabão ruim na boca e com a vida vazia de bolhas.

Trilha Sonora: "Açúcar ou Adoçante" - Cícero
"Entra pra ver, mas tira o sapato pra entrar"

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

São só lábios

Tem um segredo nos lábios
São só lábios
Mas carregam o peso do mundo
Que coisa, não?!

Seriam os labirintos de Ana?
Passam perto
Mas ainda não inspiraram um autor
Pelo menos até agora

Estão mais ousados com o passar do tempo
Passeando por lugares e sentindo gostos
Encostam no copo, beijam a maça
Lábios secretos, reservados

Os lábios conhecem um pouco do mundo
Ajudam o sorriso, fazem beijar
Vestem vermelho
Quando saem pra matar.

Trilha sonora: "Pois, não pense que vai ficar assim
Meu batom vermelho vai me enfeitar" (Retrovisor - Céu)

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Quando cinco opções não valem uma

Às vezes nos deparamos com uma infinidade de opções e histórias que poderíamos viver de acordo com escolhas que fazemos ao longo da vida. Irei citar cinco opções, não que as tenha, mas foi um número que me veio à cabeça e me parece bom.

Opção 1: Viver aceitando coisas que abomino, aceitar na vida o avesso. Achar graça do sem graça e aceitar ser o alvo de uma metralhadora ambulante. Que não escolhe ninguém e fica por conveniência. Opção cruel, que vidinha (...) Mas é uma opção.

Opção 2: Quem nunca se apaixonou pelo esteriótipo? Aquilo que colocamos há anos na cabeça e parece tão bonito que queremos colocar na estante. Só que olhar todo dia na estante acaba se tornando rotina. Enfeitou a vida, mas hoje não diz nada. Opção bibelô, prefiro ficar só olhando (...)

Opção 3: Alguém tem que morar longe ! O mais doce acaso, vontade de ficar lembrando. Difícil achar alguém que compartilhe devaneios. O álcool talvez apagou algumas coisas, mas somou. Ali do lado, bem longe. Opção "memory card", é bom guardar.

Opção 4: Descobri o olhar. Penetrante, sagaz, desejoso. É bom lembrar. Alguém que você nem imagina ao lado, tão grande é a liberdade. Aquele que já viveu tanto mesmo tendo a sua idade, e que te assusta ser apenas um iniciante. Opção 4, posso até te acompanhar, não agora.

Opção 5: É quase um círculo vicioso. Montanha russa. Indo e vindo e chegando ao mesmo ponto. Irmãozinhos? Até quando? Parece que estamos pagando o preço. Não depende só de mim, triste fim. Palpável, perto, longe. É uma opção contraditória. Opção 5, a última, cristã. Os últimos serão os primeiros.

Trilha sonora: "Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar" - Estrela do mar/Flávia Bittencourt.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

24 horas > 365 dias

Pulou sete ondinhas, comeu uva e lentilha, guardou caroços de romã? Não. E essa pessoa ainda espera coisas fantásticas de 2013. Tsc tsc. A situação anda tão apertada que agarrar-se ao Chronos é o que ainda sobrou. O tempo cura, ensina, protege, uma virada de ano então...renova qualquer um! É lindo todos de branco, dançando, abraçando um ao outro e desejando positividade nos 365 dias que seguem. 

Todos deveriam fazer um vídeo na virada do ano, acho que seria uma boa técnica caso faltasse autoestima nos próximos 12 meses. Coisa de gente chata essa mania de não celebrar, né? Mas o ano todo tem uma pitada de decepção. Esvaziamos nossos bolsos, abraçamos vizinhos chatos, repetimos "pra você também" infinitas vezes e ainda fazemos promessas cruéis que só regadas a muito espumante e barulhos de fogos poderiam ser concebíveis. 

Me permito dizer que já começamos o ano mentindo, nem que seja elogiando a camisa do amigo que nem ficou tão boa assim, mas seria muito ruim começar o ano com um "deselogio". Enfim, um ano se passou, poupamos pessoas do nosso mau humor (ou não), extrapolamos prazos, fizemos projetos, talvez até juras de amor. Mas acho que o ideal seria passar a virada do ano em frente ao espelho, chegaríamos a conclusão de que a meia-noite não nos muda em nada. Cruel? Verdade. 

O ser humano é tão mutante quanto o tempo, mas insiste em controlá-lo. Deseje feliz dia novo, é um tempo menor e assim diminui a margem de erro. Você tem um dia novo, pra quê um ano? Um dia com atitude derruba um ano de marasmo. Adote um calendário de 24 horas, feliz dia novo!

Trilha sonora: "Tudo novo de novo" - Moska