terça-feira, 18 de novembro de 2014

Ah, matemática!

Venho pensando esses dias em qual seria minha luta diária. Logo eu que optei pelas humanas e sociais tenho calculado muito nos últimos tempos. Já estou até calculando quantos parágrafos irei escrever para que esse texto não se alongue tanto. Ando não olhando mais dez dedos nas mãos, mas contabilizando dez possibilidades de lembrar o que tenho que fazer.

Tenho lutado muito para ser um número. Uma estatística bem sucedida traduzida em uma placa, um placar, um cartão ou em um telefone. Estou traçando sagas numéricas em inscrições, quantidade de páginas e referências. Ah, matemática! Como eu te odiei. E hoje você vem me dando esse troco. 

Tempos paradoxais e metafóricos. Fulguram as figuras de linguagem para dizer o não-dito. Perco-me em calcular o que não sei somar. Divido-me em tantas, subtraio meu eu e multiplico horas sem excitação. Em meio há tantos números, eu só queria ter com quem contar.

Trilha sonora: Luz Antiga - Nando Reis

domingo, 2 de novembro de 2014

Sobre sair de casa sem esperar



A poesia está escassa
Muita rotina
Pobre menina
Era isso que sonhavas 

Um despertador
Uma bolsa pesada
Muitas faturas
Que te fraturam

Era isso que queria
Um cronômetro zerado
Ligado ao primeiro suspiro matinal
Um cronômetro que luta contra si

Esperou muita coisa
Cronometrava a cada passo
Quanto tempo dura essa amizade?
Por quanto tempo faremos juras de amor?

Esperou pelo dia do "sim"
Espantou-se no dia do "não"
Já cronometrava o fim
Isso não foi uma surpresa
(consolava-se)

Libertou-se do cronômetro
Só não queria que o tempo se fosse
Olhou pro lado, sem ressalvas
Tirou o véu e viu um sorriso

Você sempre esteve aqui
Mas o relógio tornava seu pulso inebriante
Queria ser o teu relógio
Contar teu tempo e fazê-lo meu. 

"O acaso é amigo do meu coração" - "Velho e o Moço" - Los Hermanos