As coisas andam tomando um rumo engraçado. Pareço eternamente viver sob pressão. Um sentimento estranho de quem vai ao programa do Luciano Huck e vende a alma para ganhar o prêmio. Pela manhã estou no "Soletrando", soletro b- o- m- d- i- a quase que inultilmente. Ninguém responde, ninguém escuta. É como se o aúdio da minha cabine estivesse falhando.
Mais tarde é a vez do "Agora ou Nunca". Nesse quadro vivo em um eterno ensaio. Algumas coisas estão mais pro nunca, apesar de sempre preferir o agora. Loucura, loucura! A cada passo me vejo distante dos 10 mil reais. A minha vida parece estar no auditório, com cara de decepção e resmungando: olha o que essa louca faz comigo!
Aí vem o carnaval. Vejo ao longe uma oportunidade de ser musa do meu próprio bloco. Não me encaixo bem nos requisitos. Tenho um forte carisma, porém sou pouco equilibrada para os saltos. É, o equilíbrio não é muito o meu forte.
Por fim, participo do "Lata Velha". Tento com afinco uma recauchutada. Preciso alinhar algumas coisas, fortalecer a luz do farol, comprar um step. Vejo que também é hora de melhorar os freios. Com tanta coisa pra arrumar, me pergunto se esse carro tem jeito.
Olha só, que fase! Tão jovem e já entregue aos programas de sábado na TV. Dividir a vida em quadros é uma ótima estratégia. Nos dá a sensação de que tudo se consegue com muito esforço. Es- for- ço. Eu sempre detestei essa palavra. Passa longe de elogio e esconde certa incompetência. Não se esforce. Isso quase sempre nos leva a afogar sonhos.
A vida está passando e não está dividida em quadros. Não quero me esforçar para pensar no que poderia ter sido. Por isso meu próximo passo será mandar uma carta para o seu programa. Como começarei a carta? Ainda não sei. Mas pode ser algo do tipo: "Você perdeu 10 mil momentos incríveis por estar apenas se esforçando". Eu tenho um convite "Chorão": vamos viver e vadiar? O que importa é o sorriso. Como diria o Fred: um sorriso ou dois :))
Trilha sonora: "Como é que eu troco de canal" - Vida Real (Engenheiros do Hawaii)