quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Todo mundo sorriu

Com comédia perco tempo
Faço tempo
Dou um tempo
Tomo o tempo

Comédia para tristeza
Comédia de paixão
Comédia de suspiro
Comédia romântica

Um eu te amo simples
Um eu te amo pouco
Te amo seco
Te amo pra *aralho
(censura)

Tudo por nada
Tudo que salva 
Queda livre 
Chão macio

No dia que o cinema sorriu
Não foi pra tela
Foi pra ela 
A moça que caiu

Desajeitada
Embaraçada
Perdida no filme
Comédia ambulante

Na algazarra
No riso da queda
Na chacota da vida
A grande atriz é ela

Trilha sonora: "O que não é de mim" - Lamy. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Qual a nossa tatuagem?


Ainda bem que não somos de planos. Não cabe bem em nossas defeituosas gaiolas. De um equilíbrio que corteja a insanidade, nunca foi fácil essa paquera. Queremos pouco de nós mesmo, talvez uma mudança no andar, um lugar para não mais freqüentar, um livro para não ler. Tão pequena é a nossa caixa de certezas. Talvez amanhã nos daremos bom dia ou ensaiaremos um diálogo que renderá pouco.

Queremos muito pouco. Foi difícil compreender que não nos expressamos apenas com palavras. A minha zona de conforto é de caneta, papel e lápis. Estou começando a digitar e justificar textos. Acredito que justificar vai além de um recurso em programas textuais. Tentar justificar talvez seja meu maior erro. Exigimos muito pouco. Menos dor de cabeça em uma cabeça que já vive na lua.

Nossas árvores não são iguais. Uma seca, com poucos frutos. Uma com muita sombra, frutífera e cheia de balanços. Balançar. É o que fazemos todos os dias. Balanço no ônibus, balanço em largar o trabalho, balanço ao pensar em não te responder. Balanço em fazer declarações. Mas continuo de pé. Esse é o meu balanço. Nunca foi tão fácil misturar água e vinho. Economizamos na ressaca. Ressaca moral, ressaca de beijo, ressaca de palavras que nunca apareciam na hora certa.

Não gostamos de relógio, tão pouco de rotina. Quem disse que não podemos nos divertir na segunda? Almas em devaneio. Não sabem o que esperar. Quem ganhou com a nossa preservação? Árvores extintas, sem solo definido. Flutuantes. Sempre parece difícil falar. Economia de português. Não espero mais cartas, nem fotografias. Fizemos uma tatuagem. Colorida, com traços finos e uma frase: um dia vamos nos encontrar e retocá-la.


Trilha sonora: "Que é pra te dar coragem, pra seguir viagem, quando a noite vem"
Tatuagem - Chico Buarque.