terça-feira, 29 de abril de 2014

Hoje eu quero voltar sozinho, certeza.


Tenho me perguntado sobre a necessidade de simplicidade nas coisas. Questiono-me o porquê de não está com sandálias, short jeans e regata branca agora. Estou cheia de sono e sonhos, não sei se na mesma proporção. Há momentos em que pedimos aventuras e não deixamos de lado um bom drama para entrelaçar essas narrativas. Nada é mais frustrante que expectativas. Sempre nos levam a um poço de cobranças e vontades que não nos acrescentam em nada. 

Certa vez, um sábio urbano me disse: “Você é aquilo que acha que os outros pensam”. Isso sempre martela na minha cabeça e vive indo entre a lista de verdade absoluta ou mentira completa. A verdade mesmo é que todas as vezes que me achei insegura, alguém sempre concordou. Então venho me sentindo segura para que não hajam mais falas sem certeza. A mudança começa de casa. Cérebro e coração abrigando certezas para caminhos menos tortuosos. 

Várias maneiras de pensar um filme. Uma constatação. “Hoje eu quero voltar sozinho” balanceia som e silêncio, mostrando que no "calar" de cada ser há uma música sendo tocada. Por que é tão mais fácil acomodar suas certezas? Quando acomodamos uma idéia assinamos sua carta de despacho do combate. Seriam certezas ou meias verdades que acreditamos para aprisionar nossos medos? A mãe de Léo não acreditava mais na sua dependência. Apavorou-se. E acomodou a sua certeza sufocando quem mais amava. 

Léo tinha certeza que tudo seria perdoado por Gi. Acomodou suas desculpas. Machucou quem mais amava. Gabriel não acomodou sua certeza de que Léo precisava fazer as pazes com Gi. Não aceitou sucumbir o seu desejo de ser mais que amigo do seu melhor e mais novo amigo. Gabriel foi aventura, não fez drama e conseguiu tudo que queria. A música do filme é outra, mas Cícero bem que poderia dar uma palhinha: “Cuidado que eu mudei de lugar, algumas certezas”. 

Foram as mudanças de certezas desse trio que fizeram essa história tão mágica e doce. Eu mudei uma certeza. Eu odiava abraços, mas poderia abraçar cada um que estava naquela sala depois que os créditos subiram. Quanto ao balanço de silêncio e som, “Hoje quero voltar sozinho” é brilhante no silêncio. Com uma película de harmonia e leveza, deixa que cada um escolha sua trilha. Seja a de pés no chão ou de ouvidos abertos. Não saber dessa gente toda, dessas coisas todas pode ser um alívio. Saiba apresentar seu mundo, sem a certeza de aceite. Um dia juramos não conseguir andar de bicicleta, no outro levamos alguém na garupa.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Artificial

Acordei artificial
Pouca verdade por perto
Ressaca do primeiro de abril
Uma nota de três reais na carteira

Meio blasé
Meio modinha
Aquela angústia de todo dia
Acordar, trânsito, coisas pra fazer

Com vontade de ligar
Mas sem coragem
Vou falar o que?
Estava fazendo o que na hora da chuva?

Escrevendo sem retorno
Pelo menos empírico
Escrevendo estilo boteco
Na hora parece tese, mas é só chopp

Senta aqui, tô sem café
Pra ser sincero, ontem estava ouvindo engenheiros
“Infinita Highway” pareceu conveniente
Pra quem está na beira da estrada


Trilha sonora: "Infinita Highway" - Engenheiros do Hawaii