terça-feira, 31 de março de 2015

Amores nunca são platônicos


Afinal, o que é verdade? A maior discussão da ciência ou um falso consenso? Certamente a verdade está longe de concordar com o amor. Amar exclui a ciência e suas possibilidades. Amar é entrega, sem taxas. É um mergulho sem bomba de oxigênio, onde a única certeza de vida é encontrar amor lá embaixo. Mas então, o que o platonismo tem a ver com tudo isso? Quando amamos platonicamente somos verdadeiros. Vivemos um amor sem ambição, onde nada é pedido em troca. Apenas damos graças por um ser existir e nos permitir sentir admiração e ao mesmo tempo suspirar por qualquer movimento, palavra ou atitude. 

Amor platônico é a essência da doação. É a alegria gratuita, mesmo que na ausência. É a admiração que exclui os defeitos, mesmo não sabendo direito quão terríveis eles podem ser. Amar de forma platônica é ser meio louco. É desejar além do toque. É nunca se frustar com a mensagem que não chega. É seguir os passos sem perguntar o caminho. É apenas ir. Sempre em frente.

Por que não amamos sempre assim? É tão gostoso. Fazer planos e mais planos, falar sem a cobrança de escuta, amar pequenos detalhes. Hoje em dia as pessoas só amam quando se conhecem além da conta - que caretas! O gostoso dessa história é quando um guerreiro sai para batalha e escancara esse amor utópico. "Cara, sabia que eu te sigo?". Não é coisa de Instagram, é de seguir pela vida. Admiro tuas mechas brancas, teu romantismo e esse olhar de galã. Eu te sigo. Sem a cobrança de trocar likes, mas é bom te ver existir.

"Cara, sabia que eu te observo sempre". Esse jeito frágil de mentira. A nerd mais apaixonada que eu conheço! A fala compassada de quem fala com conhecimento de causa. A facilidade de encantar com gestos. É, eu também te sigo. E assim descobrimos que amor platônico é autoconhecimento e por isso exige coragem. Podemos casar platonicamente, pois amar assim é reconhecer que a paixão dispensa verdades absolutas. Vamos casar desse jeito: sendo um casal de platônicos. Cerimônias e longos namoros nunca vão nos convencer. Amar é pra já. E platonicamente nos temos pressa. 

quarta-feira, 25 de março de 2015

Quando a gente agradece


Um dia a gente agradece. O livramento ou esquecimento. As várias idas que não foram e as juras secretas que se tornaram mentiras confessadas. Um dia a gente agradece o beijo roubado, a mentira sincera, os tantos "nãos" para um "sim" valer a pena. Pena, que pena! Hoje pago a pena por ser tão leve e móbile.

Um dia a gente agradece. Pelo simples respirar. O "bom dia" do motorista, a felicidade do guri. Um dia a alma afaga e a gente agradece por não ter sido "nós". Dois desatados em desalinho. Um dia a gente agradece pelas memórias...

segunda-feira, 9 de março de 2015

Mulher, não. Puta mulher!

Mulher
Que coisa és tu?
Já não cabe em planilhas
Dispensa os bons modos

Apavora quem sonha dominar-te.

Quem és tu brisa serena
Ou furacão no mar de ressaca
Cortou as saias
De aquarela pinta a boca
E no mundo pinta o 7


Quem és tu menina ousada
Que ousou responder e descobriu a voz
Centro de si, equilíbrio da alma
Escolheu subir no salto quando quiser
Cansada das rasteiras da vida


Quem exige beleza em tuas curvas
Não conhece tuas facetas
Que fazem de lixo luxo.
Entre abusos de poder, abusou.
Abusou do silêncio, e hoje grita.


Não por histerismo, chilique ou TPM
Grita por direitos
“Sentar, quicar e rebolar?”
Nunca foi tão puta
Puta da vida, puta de si
Uma puta mulher!