quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Achei o sorvete para o meu frio na barriga


Tocou a nossa música. Que ainda não é nossa porque você não sabe da gente. A letra é linda e a melodia encaixa como um abraço. Tem versão acústica, rock pauleira, seresta e bregão, depende de como o nosso amor acordar a cada dia. Tocou a nossa a música e eu fui lá na frente. Mão no peito e copo erguido, é um tipo de ritual moderno para mostrar que você se emociona com uma música. Ou melhor, que a música te lembra alguém que te faz emocionar.

Passou o nosso filme. Sim, passou. É uma mistura de sessão da tarde com cinema de guerrilha. Filme de pouco orçamento, viu. A gente vai ter que segurar as câmeras e o rebatedor. Mas no fim vai valer a pena. A gente viaja para uma mostras independentes, aproveita e diz que é lua de mel. Não teve lei de incentivo. Ou melhor, teve. O incentivo foram os beijinhos regados de pôr-do-sol que a gente viveu.

Postaram a nossa foto. Que droga, viu! A gente não pode descansar um minuto que esses "paparazzis" ficam de butuca. Só podia ser aquele seu amigo! Mas eu vou perdoar, ficou tão bonitinha. Lembra o quanto a gente é desprevenido e pouco fotogênico. Aproveita e atualiza esse Instagram, entra na onda do "se postou foto é porque tá amando".

Nada faz muito sentido desde o começo, a gente só tem unido as coisas para ser feliz. Uma hora combinamos em tudo, em outras somos dois estranhos tentando se bicar. Eu não sei de muita coisa, só sei que desde cedo entro nas aventuras para me desafiar. De plano de fundo, temos a arte que une vidas como ninguém. Se vamos pintar, desenhar, dançar, escrever ou cantar, eu não sei...Pode ser tudo, pode ser nada. Mas até agora, se arriscar tem sido bom. Faz tempo que eu troquei o conforto pelo frio na barriga. E você, ah, você...é um sorvete delicioso.


Trilha sonora: "Estranho jeito de amar" - Sandy e Junior

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Eu não sei brincar, rapaz


Essa busca por se descobrir tem lá seus sustos. A cada dia aumentam as neuras, algumas obsessões e a certeza daquilo que não quero ser, mas sem saber de fato o que seremos. Me assusto comigo porque não entendo certos passeios do meu "eu". É como se nunca preenchesse as fichas. É mudar de e-mail sem aviso prévio. É a turbulência de desinstalar o whatsapp e precisar prestar contas.

Eu quero e não quero. Eu brinco disso. Mas é brincadeira séria, valendo medalha. Quanto mais embaçado o futuro, maior o meu foco. É como eu sempre ouvi desde criança: "tu não sabe brincar". Talvez eu não saiba mesmo. Talvez eu não queira mais brincar. Não posso tentar fugir do que me deixa insone. Se a gente nega de dia, o travesseiro cobra de noite. 

Eu não sei brincar, rapaz. Eu sou daquele tipo que destrói a casinha, que rouba a bandeira e que dá carona na bicicleta. Mas olha, você tem que soltar as mãos! Eu só acredito em gente louca. 

Trilha sonora: "Vem comigo, no caminho eu explico".
Vem Comigo - Cazuza.