Já falei outras vezes que
tenho pavor de coisas que são a “minha cara”. Em alguma cadeira de psicologia lembro-me
de aprender que nosso subconsciente rejeita como forma de defesa as coisas que
dizem muito sobre nós. Por isso, sempre vamos “tretar” com aquele amigo que se
parece muito conosco, teremos mais antipatia com nosso pai ou com nossa mãe,
dependo de quem lançou mais codificações genéticas (haha, nem sei se isso é
possível), aquela tia que provavelmente seremos nós no futuro, sempre é a mais
odiada (coitada!). Mas ser humano é isso. É quase sempre não se responsabilizar
pelas próprias sujeiras.
Toda essa volta na
psicologia que parou no segundo período é para falar de uma série deliciosa que
está na Netflix – LoveSick. Em uma sinopse rápida (sei que fui redundante), a
série conta a história de três amigos: Evie, Luke e Dylan. Eles moram juntos em
um apê com três quartos e com certa privacidade em suas vidas. A questão é que
amizade é envolvimento, e muitas vezes não sabemos onde essa “envoltura” vai
chegar. O que mais me encantou na história? Os diálogos. Tudo lindamente
pensado para combinar com uma cenografia leve e com ares de juventude. Ah, a
juventude. Confusa, estranha e mais confusa. “Você sempre gosta da pessoa
errada e atrapalha todo o resto”. Essa frase você vai ouvir se assistir essa
delicinha. E ela faz sentido, né? O problema não é uma paixão errada, a questão
é atrapalhar todo o fluxo.
Esqueci uma coisa
importante: o “sick”. Mas simplificando, mais uma vez, o “sick” existe porque o
Dylan descobre que tem clamídia e resolve avisar todas as parceiras da sua vida
para que elas possam se prevenir ou tratar o problema. Agora vem a parte mais
importante: o que aprender com esse trio? Quantas vezes somos Evie na vida... Abrindo
mão de sonhos e desejos para ser legal, compreensiva e amiga de todos. É meio
triste ser uma pessoa que nunca se indispõe. Não que você vá sair por aí
destratando as pessoas com palavras que machucam, mas é necessário SER. Ser
alguém que não apenas figura, mas que é personagem principal da sua vida.
Luke é o cara que 80%
da população “ficaria” na balada. Tão lindo que tem pavor de conversar. Como
ele mesmo diz “se eu conversar, ela vai me conhecer”. Que triste ser alguém que
evita conversas, que nunca quer ser a pessoa sentada no divã. A gente se
esconde com medo de um passado, de uma foto ou de apostas que nem mesmo nós
sabemos porque prometemos. Luke pode nos ensinar que o passado deve ser
resolvido, ou então será uma alma penada que desfigura nosso presente e o tão
esperado futuro. Por fim temos Dylan. Ah, o Dylan. Erra simplesmente porque ama
demais... Ama demais os outros e é aí que mora o perigo. Baseia sua existência
em existir na vida de alguém. É preciso entender nossa existência na solidão
para poder ser feliz junto. A solidão também é um par necessário.
Lovesick veio em uma
ótima hora na minha vidinha. Mais uma vez eu me perguntei “o que fica quando
tudo passa?”. Talvez a resposta seja: o que fica é um sofá e uma vodca na casa
de quem nos ama de verdade. Às vezes a gente precisa da ficção para acreditar na sabedoria
popular. E Lovesick reafirma o banal mais real: na dúvida, fale, ninguém sabe o
que calado quer!
Trilha sonora: "Se sim disser, se a mim quiser
Já viu, já é, já deu
E eu vou torcer pra ser você e eu"
Casa Pronta - Mallu Magalhães
vim aqui publicar este comentário por ter também me tornado apaixonado por essa serie e me vejo passando por algo semelhante do personagem Dylan Juara castro gostei da sua publicação...
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