terça-feira, 2 de agosto de 2016

O que eu aprendi com Lovesick



Já falei outras vezes que tenho pavor de coisas que são a “minha cara”. Em alguma cadeira de psicologia lembro-me de aprender que nosso subconsciente rejeita como forma de defesa as coisas que dizem muito sobre nós. Por isso, sempre vamos “tretar” com aquele amigo que se parece muito conosco, teremos mais antipatia com nosso pai ou com nossa mãe, dependo de quem lançou mais codificações genéticas (haha, nem sei se isso é possível), aquela tia que provavelmente seremos nós no futuro, sempre é a mais odiada (coitada!). Mas ser humano é isso. É quase sempre não se responsabilizar pelas próprias sujeiras.

Toda essa volta na psicologia que parou no segundo período é para falar de uma série deliciosa que está na Netflix – LoveSick. Em uma sinopse rápida (sei que fui redundante), a série conta a história de três amigos: Evie, Luke e Dylan. Eles moram juntos em um apê com três quartos e com certa privacidade em suas vidas. A questão é que amizade é envolvimento, e muitas vezes não sabemos onde essa “envoltura” vai chegar. O que mais me encantou na história? Os diálogos. Tudo lindamente pensado para combinar com uma cenografia leve e com ares de juventude. Ah, a juventude. Confusa, estranha e mais confusa. “Você sempre gosta da pessoa errada e atrapalha todo o resto”. Essa frase você vai ouvir se assistir essa delicinha. E ela faz sentido, né? O problema não é uma paixão errada, a questão é atrapalhar todo o fluxo.

Esqueci uma coisa importante: o “sick”. Mas simplificando, mais uma vez, o “sick” existe porque o Dylan descobre que tem clamídia e resolve avisar todas as parceiras da sua vida para que elas possam se prevenir ou tratar o problema. Agora vem a parte mais importante: o que aprender com esse trio? Quantas vezes somos Evie na vida... Abrindo mão de sonhos e desejos para ser legal, compreensiva e amiga de todos. É meio triste ser uma pessoa que nunca se indispõe. Não que você vá sair por aí destratando as pessoas com palavras que machucam, mas é necessário SER. Ser alguém que não apenas figura, mas que é personagem principal da sua vida.

Luke é o cara que 80% da população “ficaria” na balada. Tão lindo que tem pavor de conversar. Como ele mesmo diz “se eu conversar, ela vai me conhecer”. Que triste ser alguém que evita conversas, que nunca quer ser a pessoa sentada no divã. A gente se esconde com medo de um passado, de uma foto ou de apostas que nem mesmo nós sabemos porque prometemos. Luke pode nos ensinar que o passado deve ser resolvido, ou então será uma alma penada que desfigura nosso presente e o tão esperado futuro. Por fim temos Dylan. Ah, o Dylan. Erra simplesmente porque ama demais... Ama demais os outros e é aí que mora o perigo. Baseia sua existência em existir na vida de alguém. É preciso entender nossa existência na solidão para poder ser feliz junto. A solidão também é um par necessário.

Lovesick veio em uma ótima hora na minha vidinha. Mais uma vez eu me perguntei “o que fica quando tudo passa?”. Talvez a resposta seja: o que fica é um sofá e uma vodca na casa de quem nos ama de verdade. Às vezes a gente precisa da ficção para acreditar na sabedoria popular. E Lovesick reafirma o banal mais real: na dúvida, fale, ninguém sabe o que calado quer! 

Trilha sonora: "Se sim disser, se a mim quiser
Já viu, já é, já deu
E eu vou torcer pra ser você e eu"

Casa Pronta - Mallu Magalhães


Um comentário:

  1. vim aqui publicar este comentário por ter também me tornado apaixonado por essa serie e me vejo passando por algo semelhante do personagem Dylan Juara castro gostei da sua publicação...

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