quarta-feira, 18 de junho de 2014

Deixando promessas pra lá


Ando descumprindo promessas. A jura de saudade se foi. O abraço da falta virou convenção. A eternidade de amar, ficar junto ou conversar sem parar em uma volta pra casa também vai indo. Ando preferindo fone de ouvido, sessões solitárias e pedir um copo ao invés de um litro me parece não só econômico, mas soa confortável. Descrente em Tom Jobim,“vou te contar”. Fundamental é mesmo o que?

Tudo em desordem. E ninguém pode mais com isso. Todo mundo sabe a hora que eu saio, quando eu volto. Qual é a minha calça pra cada dia da semana. Ninguém tem mais segredos. Contamos por convenção, caracteres ou simplesmente pela vontade de não sermos mais mágicos. O que você tem pra dizer ninguém quer saber.


Evitando passagens de volta. Porque parece que cada dia é mais chato voltar. Voltar pra mesma coisa, pra mesma mesa, pro mesmo papo. Vida difícil essa de quem tem CEP. Mas se não tivesse, talvez fosse pior. Talvez. Coisa chata e amarga. E agora é o que mais sai da boca. Cansaço. Cansada de tentar adivinhar o que as pessoas querem. Preferem reclamar do leite derramado, a ter que avisar que ali existe algo fervendo. 

Todo dia eu deito, paro, penso. Aquela velha análise entre insônia e travesseiro. Sempre digo – acabou - isso não é pra mim. Juras em grupo, para parecer mais forte e convencer os outros ao invés de si. Mas como falei, “ando descumprindo promessas”, por que nada é mais empolgante que burlar previsões. Cada um vai sendo como pode, já alertava os “Novos” e sempre atuais “Baianos”. Desculpa qualquer coisa, mas é difícil não decepcionar. Cada um escolhe um “eu” pra si. Muitos fantasiam, outros apostam alto.

Não quero perder nada na bolsa. Já larguei a loteria. Acertar alguém ou acertar sobre esse alguém anda mais difícil que baú da felicidade. Culpa da gente, que procura a felicidade no acerto de números. Distrai, que é bom. O acaso gosta. Não só distraído, mas displicente. Quem irá me proteger? As pequenas “despromessas”. Não te prometo nada, agradeça por isso. Nunca quis ter a felicidade em minhas mãos. Inventar uma chuva no verão ou sentir um frio no calor do sol depende de nós. Tudo muda e surpreende. Maldade sua querer a gente sempre igual.

Trilha sonora:
"Mentiras sinceras me interessam"
Maior Abandonado - Cazuza. 

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