sábado, 3 de novembro de 2012

O tempo e eu

Sentindo falta de um dos deuses mais lindos (...) Tempo, por que se foi?  Entre uma rotina maçante e cronometrada cheguei ao ápice da falta de criatividade: não conseguia ao menos pensar na vida quando em uma viagem de busão perdia 2 horas do meu deus mais lindo. Mas aí, eu paro no contraponto. Não ter tempo é mais uma artimanha do ser humano conformado, temos que colocar a culpa em alguém e o tempo parece mudo, então fica mais fácil ainda livrar-nos do direito de resposta. Como diz a canção: tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido (...) 

Aí eu pergunto, qual? Somos tão bobões que pediríamos mais tempo. Pra quê? Pra desperdiçar com brigas bestas, pra falar mal sem poder fazer melhor, pra fechar os olhos diante de um dia lindo e produtivo, mas preferir apegar-se em reclamar da fila que demorou 30 minutos? De fato, pecamos na vontade. Na vontade de querer mais, sem perceber que o que é nosso está ao nosso lado. Esse discurso apreciativo parece tão utópico e bobo, mas é aquela história da vovó, lembra? Busque o lado bom das coisas.

Me afogo na rotina, traço prioridades e acabo deixando de lado aquilo que mais me dá prazer. Escrever uns versos, escutar Cazuza, escutar as histórias de vovó. Vejo o quanto minhas prioridades estão erradas ou no mínimo não me fazem tão feliz. Nessa falta de tempo, a gente acaba deixando: família, amigos, amores, gozos verdadeiros, acabamos por perder os sabores. Insossos, estamos à levar a vida, apegados a convenções, medos bestas e falta de sorrisos. O mal foi começar a fazer planos, idealizar demais, formamos tanta perfeição no mundo das ideias, que ao olhar ao redor parece que nada está suficientemente a nossa altura e nisso posso até concordar.

Nada está a nossa altura, estamos tão baixos que nem ao menos vemos um ao outro. Pequenos, mas exalando falsas grandezas para alimentar o tal ego. Pequenos, afogando-se no tempo que não dá pra controlar. Quando tão cheios de nós batemos no peito pra dizer: "Estou sem tempo", é a doce ilusão de que por um momento somos a rédea e não o cavalo de nossas vidas. Quanto ao deus mais lindo, sinto sua falta. E hoje vejo que só o tenho para as coisas mais chatas. Façamos um acordo para nunca mais quebrar, que nunca me falte tempo pra pensar antes de dormir. Fazer isso é quase um acordo de sanidade e conduta, lembrar do que eu fiz, retirar o errado, me deitar em culpas, mas ser envolvido por sonhos que darão forças para que a ampulheta se vire novamente.

Trilha sonora: "Bandeira - Zeca Baleiro".

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